Gravidez na adolescência: precocidade interfere na saúde, vida social e econômica da mulher

Segundo o relatório sobre a Situação da População Mundial do Fundo de População da ONU, o Brasil supera a média mundial de fecundidade na adolescência: são 53 adolescentes grávidas a cada mil, no mundo são 41. O cenário atual na população juvenil preocupa, pois, além dos aspectos sociais, a gestação na adolescência traz consequências imediatas e permanentes à saúde da mulher no decorrer da vida.

O governo federal lançou o Plano Nacional de Prevenção Primária do Risco Sexual Precoce e Gravidez de Adolescentes na terça-feira (1), durante a Semana Nacional de Prevenção da Gravidez na Adolescência. Este programa alerta a população sobre os riscos da gravidez precoce e capacitará instituições e organizações que compõem a rede de proteção e garantia dos direitos da criança e do adolescente.

De acordo com Robinson Dias, presidente da Associação de Ginecologia e Obstetrícia do Rio Grande do Norte (Sogorn), a gravidez nesta fase muitas vezes resulta em maiores riscos de partos prematuros, de recém-nascidos com baixo peso, de eclampsia, de transtornos mentais (como a depressão) e de morte materna devido a complicações decorrentes de abortos inseguros ou da gravidez.

“Esses perigos são ainda maiores em adolescentes com menos de 15 anos, com nível socioeconômico baixo, o que também implica na dificuldade em acesso aos serviços de saúde”, comenta Robinson.

Além das consequências na saúde, ainda há os problemas sociais e de direitos humanos, visto que as jovens que ficam grávidas, principalmente quando acidentalmente, têm maior risco de sofrer violência física e sexual de seus parceiros, casamentos informais ou uniões precoces e forçadas, reflete Dias.

Além disso, a gravidez na adolescência no Brasil também está relacionada a uma maior probabilidade de abandono escolar e perda de oportunidades de empregos. Segundo dados do IBGE, seis em cada 10 adolescentes grávidas nem trabalham e nem estudam.

Para o médico obstetra, é preciso investir em políticas públicas que tragam a conscientização dos riscos de uma gravidez precoce à população juvenil, com a educação em saúde reprodutiva abrangente e de qualidade, facilidade de acesso aos serviços de saúde aos adolescentes, e viabilidade de acesso aos métodos anticoncepcionais.

“As orientações sobre o início da vida sexual adequada beneficiam diretamente as adolescentes e sua saúde, mas também favorecem para termos uma sociedade com mais oportunidades para todos e contribui para aliviar as demandas da saúde pública, com mulheres mais saudáveis”, complementa.