Mais de mil voluntários estão dispostos a se infectar com o novo coronavírus

Quando Josh Morrison decidiu recrutar voluntários dispostos a se infectar com Covid-19 não imaginava que a procura seria tão alta, muito menos de pessoas nascidas no Brasil.

Em pouco menos de um mês, 6.000 voluntários, 1.500 deles brasileiros, se inscreveram para participar dos chamados desafios humanos, nos quais indivíduos saudáveis são infectados com uma determinada doença para receber uma vacina ou um tratamento ainda não aprovado.

Formado em direito na Universidade Harvard, nos EUA, o americano de 34 anos fundou a plataforma 1 Day Sooner em 30 de março, depois de ler artigo na revista científica The Journal of Infectious Diseases sobre experimentos que poderiam acelerar a produção de vacinas contra a Covid-19.

Segundo Morrison, os inscritos são de 52 países, a maioria é jovem, de 20 a 35 anos, com ensino superior completo, mas há casos de pessoas com 50 e até 80 anos.

No site do 1 Day Sooner, os organizadores afirmam que o desafio humano expõe deliberadamente os participantes à infecção com o objetivo de estudar e testar vacinas ou tratamentos e que esse tipo de experiência foi usada durante epidemias de influenza, malária, febre tifoide, dengue e cólera.

Eles ponderam os “riscos incertos” no caso da nova pandemia e dizem que os voluntários ficariam isolados em uma estrutura hospitalar e seriam monitorados para não transmitir a doença para o resto da população, com possibilidade de atendimento médico rápido, caso necessário.

Em março, a OMS (Organização Mundial da Saúde) anunciou que 3,4% dos casos confirmados de Covid-19 resultam em morte, mas essa taxa pode ser maior, já que vários países não tem alta capacidade de testagem, o que gera subnotificação de diagnósticos.

Ainda de acordo com a organização, há 76 vacinas contra a Covid-19 sendo desenvolvidas atualmente, 71 em estágio pré-clínico e 5 em fase clínica.​